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UM E-Theses Collection (澳門大學電子學位論文庫)

Title

Portugues em linha : o desafio da internet ao ensino do Portugues lingua estrangeira

English Abstract

Introdução Apesar de existir há cerca de três décadas, a Internet desperta agora o mais vivo interesse, cativando a atenção dos orgãos de comunicação social, surgindo como catalizador de questões como a sociedade da informação, ou como bandeira da denominada revolução digital. Duas características da Internet costumam ser mais apontadas como razões do seu sucesso, uma, são as suas possibilidades de comunicação, que permitem aos seus utilizadores reordenar comunidades pelos seus interesses e não tanto pela contiguidade geográfica. Outra é o espólio que disponibiliza, adquirido ao longo de três décadas de armazenamento de dados das mais variadas origens, das quais a comunidade científica e educativa se afirma como uma das mais fortemente representadas. Uma outra característica importante é o facto desta rede de redes de computadores se ter imposto por si própria, pelos beneficios encontrados pelos seus utilizadores, singularmente ou como elementos dinamizadores de uma comunidade. Apesar de baseada fortemente no domínio dos computadores, é digno de nota o facto da própria indústria informática ter sido surpreendida por esta procura. Não se tratou de uma tecnologia imposta pela indústria, tal como as dezenas de títulos de aplicações ou de material informático que surgem diariamente nos jornais, suportados pelas fortíssimas promotoras publicitárias das ainda mais poderosas empresas do sector. Pelo contrário, os responsáveis pelas grandes empresas informáticas, como por exemplo Bill Gates, afirmavam que a Internet não merecia a sua atenção. Bastaram quatro anos para este mesmo empresário estar tão empenhado em liderar o mercado que a Internet desde então gerou, para se encontrar no extremo oposto, acusado de tentar monopolizar a Internet pelo Departamento de Justiça do estado norte-americano. Mas a Microsoft não é um exemplo isolado, também Gil Amelio, ex-presidente da Apple, se queixava duma inflexão imprevisível do mercado, tão imprevisível que a empresa não foi capaz de recuperar em tempo útil e não apresentou soluções adequadas às novas exigências dos utilizadores: Conectividade, acesso e manipulação da Internet e da World Wide Web I (adiante referida como WWW). Estes exemplos situam de forma clara a origem deste fenómeno nos utilizadores da Internet, que, encontrando nela reais virtualidades, a dinamizaram e souberam impor como uma realidade. As próprias características da Internet seduziram mais e mais utilizadores que, quer pelo número quer pela qualidade, a impuseram como um facto a ter em conta. Na génese da Internet esteve a tentativa de resolver um problema militar de comunicações. Este problema militar, que consistia no estabelecimento de uma rede de comunicações que não fosse posta em causa pela danificação de um ou mais dos seus elementos, levou à construção de um modelo descentralizado de comunicação, mas igualmente de entrada, consulta e conservação de documentos. Este modelo descentralizado, depois de ter sido gradualmente aberto pelos militares à comunidade científica, e depois à comunidade académica e, posteriormente, de uma forma progressiva, à sociedade civil, veio a constituir uma vasta base de dados onde era (e é) possível consultar/editar documentos, nomeadamente científicos e, igualmente, um poderoso e efectivo meio de comunicação, especialmente dotado para troca de experiências, discussão de temas ou mesmo o separados desenvolvimento de projectos por investigadores geograficamente. O espólio entretanto criado, sobretudo a partir da sua utilização de uma forma mais generalizada no campo universitário, veio a conferir à Internet um tesouro documental e vivencial que ainda hoje constitui uma das suas gandes mais valias. No entanto foi com a criação da WWW que a projecção da Internet veio a conhecer uma forte alteração, apresentando-se claramente como um fenómeno de extraordinárias capacidades sedutoras, expresso por um substancial factor multiplicativo do número dos seus utilizadores, actualmente estimados em cerca de 60 milhões. Aquilo que a WWW veio trazer à Internet foi a facilidade de acesso e, sobretudo, a capacidade multimédia dos seus documentos que, desta forma, puderam ultrapassar a condição anterior, obrigatoriamente textual, para se abrir a qualquer tipo de expressão humana digitalizável. Hoje em dia, é frequente a utilização de sons, pequenos filmes, além de todo o material gráfico desde fotografias a desenhos e, claro, o texto. A par desta evolução, deu-se igualmente uma outra que teve a ver com o tipo de aplicações informáticas utilizadas; Por um lado, os programas de acesso aos documentos colocados em rede, denominados "browser",2 que acompanharam esta evolução no sentido de constituirem um facilitador, utilizam os meios que qualquer utilizador de computadores está já habilitado a dominar; Por outro lado, a evolução dos programas utilizados para criar e editar documentos na WWW, tornam estas operações simples e consequentemente acessíveis a qualquer pessoa sem conhecimentos especiais de informática. Além do que foi referido, como consequência do sucesso d? Internet, os programas anteriormente utilizados nos pessoais, foram forçados a ter em conta os formatos informático próprios da Internet, o que levou a cada vez existir menor diferenç entre um documento produzido, por exemplo, num processador de text e um documento pronto a entrar em rede. Com esta última evolução, nos últimos quatro anos, assistiu-se a um proliferar massivo quer de utilizadores, quer de material em rede, quer de aplicações informáticas destinadas à Internet, prevendo-se que este crescimento se mantenha com índices muito elevados mas dificeis de fixar. Porém, não se trata simplesmente de uma questão de números, a dinâmica de crescimento impulsionou todos os sectores interessados em explorar esta tecnologia e, principalmente o fenómeno social que a motiva. No que respeita a este crescimento, que algumas empresas situam entre os 200% e os 400% anuais, não existem paralelismos que permitam uma abordagem sólida de previsões. Se por um lado alguns analistas consideram que este ritmo de crescimento não se pode manter durante muito mais tempo, talvez pelo inusitado deste fenómeno, outros apontam certos factores que podem indiciar não só a manutenção deste crescimento como ainda a possibilidade de um incremento. Alguns dos factores apontados para um aumento ainda maior de utilizadores têm a ver com a relação cada vez mais íntima entre a televisão e a Internet, que se pode já constatar na resposta da indústria de computadores pessoais, a propor modelos já destinados à sala de estar, cujo monitor tem todas as capacidades de uma televisão, e o computador permite gerir quer os aparelhos audio existentes, quer o acesso à Internet? à televisão por satélite e cabo, etc. Esta modificação da imagem do computador pessoal, que sai assim do domínio da secretária e da sua caracterização como um instrumento de trabalho, para uma imagem semelhante ao electrodoméstico, está cada vez mais consagrada, sobretudo a partir da edição em CD ROM de títulos claramente destinados à família e ao lazer. Quanto à fusão entre o Computador, a televisão e a Internet, é igualmente já uma realidade no presente, como prova a recente concessão, em Hong Kong, dos direitos de difusão de filmes por pedido, informação personalizada, etc, através de computadores pessoais ligados em rede e à Internet. Neste domínio, não podem igualmente deixar de se salientar os recentes investimentos da Microsoft nas companhias de transmissão de vídeo por cabo, na chamada WebTV e em estúdios de produção de programas televisivos. Todos estes factores apontam com insistência (e eloquência) para o desenvolvimento de "um mundo em rede" de uma forma ainda mais rápida e profunda do que à partida se podia prever. Naturalmente, uma vez que os sectores ligados à educação estiveram desde o início empenhados na Internet e na sua utilização, a interacção com este novo meio de comunicação tem já um longo historial. No entanto, pelas características técnicas da Internet de então, a utilização privilegiada baseava-se nas capacidades de comunicação e na facilidade de edição e de acesso a informação por utilizadores, normalmente investigadores, situados em espaços geográficos diferentes. É com o aparecimento da WWW que foram reunidas condições técnicas que permitiram a consolidação da ideia de utilizar este média como suporte para uma possível nova situação de ensino/aprendizagem. Esta ideia surge igualmente apoiada pelo facto dos computadores estarem já banalizados quer como utensílio pessoal, em casa, ou no trabalho, quer principalmente como meio pedagógico, na escola. Igualmente importante, é a afirmação e aceitação da auto- aprendizagem como um factor determinante na adaptação do indivíduo às profundas e cada vez mais rápidas transformações sociais, nomeadamente na caracterização da procura e oferta de trabalho. Por outro lado, o ensino a distância tem conhecido igualmente uma forte consolidação e aceitação geral, sendo hoje frequente, em todos os níveis de ensino, a proposta, em substituição da sala de aula, através de livros, cassetes, vídeo ou audio e, também dos computadores, através do suporte de CD (ROM ou interactivo). Neste domínio, o ensino de línguas não constitui excepção. Desde há muito que se exploram as virtualidades do computador na aprendizagem de línguas e, neste contexto, se exploram igualmente as potencialidades das redes informáticas. Actualmente, sobretudo nos Estados Unidos da América, estudam-se e utilizam-se as virtualidades da Internet no ensino de diversas línguas como a inglesa, a francesa e, mais recentemente, mas com uma enorme implantação, a espanhola. Todas as características da Internet já mencionadas são importantes para a sua consagração como um dos média de suporte duma situação de ensino/aprendizagem, destacando-se, no tocante ao ensino de línguas, a facilidade de contacto entre aprendentes, docentes e falantes nativos, aliada ao facto de a qualquer aula de línguas ligada à Internet estar acessível um espólio de documentos e interacções autênticos na língua alvo, oriundos de indivíduos ou instituições. A constante queda dos preços do material informático, que estão cada vez mais ao alcance das populações, a facilidade cada vez maior no interface com os computadores e o papel cada vez maior que a Internet3 tem desempenhado na vida social, confirmam as previsões de consolidação e crescimento. Neste quadro, parece urgente o estudo da exploração deste novo média e das suas poderosas virtualidades para o ensino do Português íngua Estrangeira pelas seguintes razões: Difusão da Língua e Cultura Portuguesas numa comunidade de números já substanciais; Exploração de um média que oferece importantes meios para o ensino/aprendizagem; A economia de meios proporcionada pela Internet à edição e acesso à informação; Estratégia de futuro, dado que as previsões de crescimento deste média apontam para uma importância crescente quer no número de utilizadores quer na abrangência dos domínios da sua utilização.

Issue date

1998.

Author

Salomao, Ricardo,

Faculty
Faculty of Arts and Humanities (former name: Faculty of Social Sciences and Humanities)
Department
Department of Portuguese
Degree

M.A.

Subject

Portuguese language -- Study and teaching -- Foreign speakers.

Media programs (Education).

Education -- Computer network resources.

Education -- Data processing.

Artificial intelligence -- Educational applications.

Computer-assisted instruction.

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Location
1/F Zone C
Library URL
991000157999706306