NOTA PRÉVIA Reconstituir as motivações primeiras de um percurso de inves- sobretudo se se procura confrontá-las tigação não é tarefa fácil, coerentemente com o seu produto final. No início, nenhum projecto parece impossível. As problemá- ticas tendem a ser equacionadas de forrna tão global que a elabora- ção de planos de trabalho muitas vezes impraticáveis -surge como um imperativo. Gradualmente, porém, no decurso da investigação e, mais ainda, limitados pelo tempo, transforma-se o ideal no possível. Neste contexto, não parecerá despropositado que os objectivos iniciais deste trabalho tenham sido, de certa forma, alterados. Inicialmente pensáramos escrever sobre a presença dos Portu- gueses no Sião: contactos, fixação, permanência e, até, relações de Macau com o Sião desde o século XVI a XIX, porém, vemo-nos na necessidade de restringir o que, agora, nos parece tão ambicioso plano, especialmente no que concerne ao longo período de tempo que nos propuséramos estudar. Assim, embora mantendo o objectivo essencial do nosso trabalho, isto é, que o mesmo seja urna análise das relações de Macau com o Sião, ao longo dos tempos, fá-lo-emos de uma forma mais geral, não aprofundando tanto certos aspectos, já estudados por outros ou que nos pareçam menos significativos. Num primeiro capítulo, faremos uma abordagem geral ao estabelecimento das primeiras relações entre Portugal e o Sião, no qual focaremos os primeiros contactos havidos entre os dois povos; a fixação dos Portugueses no Sião - através da acção dos seus mercenários, aventureiros e missionários assim como as suas relações comerciais, diplornáticas e/ou religiosas, num período de tempo compreendido entre os séculos XVI e XVIII. Depois, centrar-nos-emos sobre os séculos XVIII e XIX que será, por assim dizer, o corpo principal da nossa dissertação. Debruçar-nos-emos sobre os aspectos conjunturais da época, quer em Macau, quer no Sião. Analisaremos as circunstâncias que leva- ram- ao estabelecimento do Consulado e Feitoria Portuguesa em Bangkok, os apoios elou oposições, as vantagens e inconvenientes que tiveram para Portugal e Macau, tentando descobrir o que lhes esteve na origem, ou seja, as suas Inotivações e os seus protago- Nistas oficiais e privados, Portugueses e Siarneses, ou outros estrangeiros. Faremos, também, uma análise à evolução da Feitoria e Consulado, detendo-nos nos principais aspectos da sua existência. Focaremos as relações entre Macau (não nos podendo dissociar, evidentemente, dg Portugal e, até, de Goa) e o Sião no século XIX, em todas as suas variantes: comercial, político-diplomática, religiosa e cultural.