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UM E-Theses Collection (澳門大學電子學位論文庫)

Title

D. Antonio Joaquim de Medeiros : Bispo de Macau e as Missoes de Timor, 1884-1897

English Abstract

INTRODUÇÃO A sede irreprimível de desvendar o ignoto, o desejo de encontrar algum monarca cristão no Oriente para uma possível aliança na cruzada contra o infiel e, sobretudo, a ambição de chegar às regiões das especiarias, rompem as barreiras que separam os povos, desfazem as lendas que vedavam o acesso aos «Mares nunca d’t antes navegados» e levaram os navegadores lusitanos a aventurarem-se até ao Extremo Oriente. Sendo a procura de especiarias a razão dominante dessa aventura marítima, é óbvio que, uma vez chegados a Calecut, tenham os navegadores lusos tentado logo colher informações a respeito das terras que produziam e exportavam especiarias, como cravo: pimenta e noz-moscada, tão procuradas na Europa. Para trás ficava o Atlântico, a África, a Etiópia, a Pérsia, a Índia, Ceilão, Sião que não são mais do que algumas etapas dessa meta que tenta aproximar povos de diferentes culturas e raças, por meio dos valores cristãos, de que os Portugueses são portadores. Essa epopeia marítima dos navegadores lusitanos na centúria quinhentista foi-se estendendo para os lados do Sol Nascente em demanda de mais terras e mais povos, enquanto que ao longo das rotas navegadas pelos galeões e naus portuguesas começaram a florescer centros de cristandade e feitorias, como Goa, Malaca, Macau, Macaçar, Solor e Timor, onde os padrões culturais portugueses e cristãos se afirmam. Os próprios estrangeiros reconhecem essa presença portuguesa no Extremo Oriente , como revela o testemunho do escritor e historiador indonésio Paramita R. Abdurachman : In the sixteenth century the Portuguese dominated the scene between Europe, the coasts of África, Brasil , Índia, the Southeast Asian shores, China and Japan. It was a time in which many countries and many cultures had their first contact with Europeans, with new philosophies, different modes of life and different customs'. Sendo as especiarias e também a difusão da Fé os motivos dominantes que levaram tão longe os Portugueses, a fragância do sândalo fascinou sobremaneira os mareantes lusos que finalmente aportaram à Ilha de Timor «que o lenho manda, sândalo salutífero e cheiroso», no primeiro quartel do século XVI. Neste constante vaivém de actividades mercantis , os mareantes lusos não se sentiam vocacionados para se fixarem definitivamente na Ilha. Autênticos andarilhos do mar, sempre em demanda do desconhecido, também visitaram o continente australiano que, por ser desabitado, não os fascinou quer para fins mercantis ou religiosos. Mas os homens de sotaina preta e Cruz de Pau, cujo objectivo principal era cristianizar o gentio, foram obviamente os primeiros europeus a estabelecerem-se definitivamente na Ilha, «que o Sol em nascendo vê primeiro». Este acontecimento histórico que assinala o início do estabelecimento luso em Timor constitui o objecto desta dissertação que, sucintamente, tenta analisar a penetração do Evangelho na Insulíndia e a sua implantação em Timor. Obstáculos e facilidades, sombras e luzes determinam e condicionam ao longo dos séculos a sobrevivência da Igreja em Timor, afirmando- se através dela a soberania portuguesa. Caso singular na História da Expansão Portuguesa: a Cruz chegou a Timor quase dois séculos antes da Espada. O facto dos Timorenses serem cristãos e vassalos de Portugal deve-se tão- somente aos Dominicanos. Intrépidos apóstolos, sem apoio da Coroa, conseguiram à custa de muito sacrifício e sangue derramado criar condições para o estabelecimento do governo formal já no princípio do século XVIII. Com o andar dos tempos, porém, as duas componentes máximas da presença lusa em Timor começaram a desentender--se. E, finalmente, deu-se o rompimento oficial em 1834, o que só veio a prejudicar o Povo de Timor que muito deve aos frades. Seguiram-se 40 anos de abandono em que as cristandades, outrora florescentes, ficaram sem pastor e regressaram ao gentilismo. Em 1877, porém, raiou a aurora que pôs termo a esse doloroso interregno. A Santa Sé resolveu transferir as Missões de Timor da jurisdição da Arquidiocese de Goa para a da Diocese de Macau. Se ao longo da História da Evangelização Portuguesa do Ultramar, Macau tem sido o farol a iluminar com a luz da Fé estas paragens do Oriente, a partir do último quartel do século XIX, salvou as Missões de Timor numa altura crítica em que outras entidades eclesiásticas - Malaca e Goa, e até o próprio Governo - as abandonaram durante 40 anos. Foi a Diocese de Macau que entrou em força com recursos materiais e financeiros, sob a orientação de uma plêiade de missionários da estirpe de um Medeiros. Eles conseguiram triunfar onde os outros falharam. Construíram-se escolas , levantaram-se capelas e até se ensaiaram explorações agrícolas, com o objectivo de reabilitar as Missões e projectá-las na senda da promoção sócio-cultural e humana do povo de Timor. Nesta grandiosa e sacrificada obra de reabilitação surge, assim, um nome bem soante, à volta do qual gravitam outros como uma constelação que lança luz sobre as Missões e o Povo de Timor. António Joaquim de Medeiros, primeiro como Visitador, depois como Vigário-Geral e Superior das Missões e, finalmente, como Bispo, conseguiu com esforço sobre-humano dar às Missões as estruturas e condições para poderem sobreviver e florescer em todos os aspectos .

Issue date

1994.

Author

Fernandes, Francisco Maria,

Faculty
Faculty of Arts and Humanities (former name: Faculty of Social Sciences and Humanities)
Department
Department of Portuguese
Degree

M.A.

Subject

Medeiros, Antonio Joaquim, -- Bishop

Fernandes, Francisco Maria, -- Padre, -- 1936- -- Biography

Christianity -- Timor-Leste -- History -- 16th century

Missions -- Timor-Leste -- History -- 16th century

Timor-Leste -- History

Supervisor

Matos Artur Teodoro de

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Location
1/F Zone C
Library URL
991000155959706306